EM BUSCA DO

TESOURO ESQUECIDO

"Existem muitos tesouros e riquezas perdidas e esquecidas em nosso mundo, no entanto as vezes pode não ser uma boa idéia procurá-los."

Um grupo de quatro amigos meus, todos homens, viviam falando sobre histórias de botijas encantadas que eram encontradas em casas velhas de fazendas, onde antes havia senhores de escravos.

Para quem não sabe, antigamente os senhores ricos tinham o hábito, pelo menos aqui no Nordeste, de esconder moedas de ouro e objetos valiosos em baús, em sacolas de couro ou outros recipientes e enterrá-los para que ninguém os roubasse. Só que muitas vezes eles morriam sem revelar a ninguém onde estavam escondidos esses tesouros, e ainda hoje, vez por outra, um deles é encontrado. Algumas vezes, a localização é revelada pelos mortos em sonho a algum agraciado. A esse tipo de tesouro enterrado dá-se o nome de botija, e essas histórias fazem parte do folclore nordestino.

Pois bem. Esse grupo de amigos resolveu levar as histórias de botijas a sério e investigar por conta própria. Um deles soube que havia uma lenda segundo a qual uma antiga fazenda de escravos que fica um pouco distante da nossa cidade tinha uma botija enterrada. Resolveram, então, ir lá investigar. Os intrépidos cavalheiros muniram-se de pás, picaretas e um detector de metais (desses mais simples) e partiram.

Na casa grande, hoje em dia, mora uma família de caseiros e mais ninguém. Os donos pouco aparecem por lá, de forma que o local só não está completamente abandonado por conta dessa família, constituída de umas quatro pessoas. Parte da casa grande foi fechada com tijolos, e apenas quatro cômodos servem de residência à família, sendo uma sala, um quarto, uma cozinha e um banheiro. Entre a sala e a cozinha há um corredor no qual fica o quarto.

Meus amigos chegaram à fazenda à tarde. Apresentaram-se (um deles era conhecido dos moradores), explicaram o que queriam fazer e tiveram permissão para entrar na parte habitada da casa. Começaram, então, um ritual para pedir permissão aos mortos e encontrar alguma botija que porventura estivesse ali enterrada. Juntaram-se todos no quarto, com mais três moradores, enquanto o pai da família estava do lado de fora. Fizeram algumas orações, algumas invocações e, então, começaram a usar o detector de metais.

Nos primeiros minutos percorrendo o chão do quarto, não aconteceu nada. Em seguida, entretanto, o aparelho começou a apitar em um determinado local, só que quando era retirado daquele ponto e colocado novamente, não apitava mais. Depois, dava sinal em outro local, e então parava. Continuou assim por vários minutos, até que enlouqueceu e começou a apitar em vários locais diferentes. Meus amigos não estavam entendendo nada, então resolveram parar por alguns momentos para depois recomeçar.

De repente, um pedaço de tijolo foi jogado em cima da cama no quarto em que eles estavam. Susto geral. Acenderam a luz, e realmente havia tijolo lá. Mesmo assim, apagaram de novo a luz e ficaram lá, esperando que algo acontecesse. Desta vez, torrões de terra começaram a ser jogados em cima da cama. Um dos amigos quis sair dali, mas foi contido pelos outros, que resolveram agüentar firmemente.

Alguns minutos depois, escutaram o barulho da porta se abrindo e um arrastar de passos. Acharam que podia ser o pai da família, que tinha ficado do lado de fora. Mas não. Um vulto de homem alto passou em frente à porta do quarto em direção à cozinha mas, quando foram olhar quem era, não havia ninguém.

Desta vez, todos saíram do local, com medo. Do lado de fora, o pai da família estava branco de susto. Ele disse que estava sentado numa pedra que tem em frente à casa quando viu um homem negro e alto surgir do nada numa das quinas da casa e, andando bem ereto e devagar, abrir a porta e entrar. Só que ele não viu o homem sair, e logo em seguida todos saíram correndo.

Depois desta, o melhor a fazer foi parar de invocar os mortos e partir dali o mais rápido possível.
Não sabemos como a família continuou no local naquele dia assustador. Meus amigos não voltaram mais lá.

 

 

Maria - PE

Relatos P2